PÁGINAS

quarta-feira, novembro 09, 2011

Apenas o vestido

E se você pensar em voltar 
Venha de azul 
E não esqueça ao entrar 
Do brilho nos olhos 

Venha de salto alto 
E apenas o vestido sobreo corpo 
Na boca um baton vermelho salmão 
E a língua úmida de desejo 

Entre como o vento. 
Seja o vento! 
E ao mesmo tempo... 
O tempo! 
Não o deixe passar! 
Feche a porta e num beijo 
Faça-o parar!




Nilo dos Anjos

Nada



No meio do nada 
Alguém chega 
Alguém vai 
Alguém vaga 

Ningúem sabe nada 
Onde inicia? 
Pra onde vai? 
Quando acaba? 

Há um viajante 
Um cavaleiro errante 
Em busca de sua amada 
Há um estrangeiro 
Que como o cavaleiro 
Caiu numa cilada. 

Há o mundo inteiro 
preso num banheiro 
e a única saída é a privada. 

Ninguém sabe nada 
Ninguém sabe nada 
E num belo dia 
tudo acaba.


Nilo dos Anjos

Maria Fumaça





O mundo pára 
A respiração aumenta 
Meus olhos miram outros olhos 
Que miram os meus 
Um instante... 
Coração dispara 
O peito arrebenta. 
Mais uma vez a certeza 
Que entre tantas certezas se apresenta 
Prazer em conhecer e em reconhecer 
Esta hora em outro dia, em outro momento o mesmo éden, 
Outra pessoa, outro desvio de caminho, dois mundos sozinhos... 
Que se cruzam e no encontro se perdem 
Infinito ciclo majestoso 
Infinitos encontros perdidos onde 
Paixões vão e vêm 
E quem perdeu o bonde do amor 
Diverte-se agora neste trem. 
Maria fumaça que partiu da estação sem graça 
Rumo a ilusão...amém 


Nilo dos Anjos