E se você pensar em voltar
Venha de azul
E não esqueça ao entrar
Do brilho nos olhos
Venha de salto alto
E apenas o vestido sobreo corpo
Na boca um baton vermelho salmão
E a língua úmida de desejo
Entre como o vento.
Seja o vento!
E ao mesmo tempo...
O tempo!
Não o deixe passar!
Feche a porta e num beijo
Faça-o parar!
Nilo dos Anjos
No meio do nada
Alguém chega
Alguém vai
Alguém vaga
Ningúem sabe nada
Onde inicia?
Pra onde vai?
Quando acaba?
Há um viajante
Um cavaleiro errante
Em busca de sua amada
Há um estrangeiro
Que como o cavaleiro
Caiu numa cilada.
Há o mundo inteiro
preso num banheiro
e a única saída é a privada.
Ninguém sabe nada
Ninguém sabe nada
E num belo dia
tudo acaba.
Nilo dos Anjos
O mundo pára
A respiração aumenta
Meus olhos miram outros olhos
Que miram os meus
Um instante...
Coração dispara
O peito arrebenta.
Mais uma vez a certeza
Que entre tantas certezas se apresenta
Prazer em conhecer e em reconhecer
Esta hora em outro dia, em outro momento o mesmo éden,
Outra pessoa, outro desvio de caminho, dois mundos sozinhos...
Que se cruzam e no encontro se perdem
Infinito ciclo majestoso
Infinitos encontros perdidos onde
Paixões vão e vêm
E quem perdeu o bonde do amor
Diverte-se agora neste trem.
Maria fumaça que partiu da estação sem graça
Rumo a ilusão...amém
Nilo dos Anjos