PÁGINAS

quarta-feira, dezembro 28, 2011

PRA NÃO PERDER A GUERRA






Ratos do deserto rondando por perto. 
Som de trovoadas sem hora marcada. 
Caos por todo lado, alicerce da realidade. 
O sinal está aberto em mais uma esquina da cidade. 

Sigo por esta estrada. 
Gritos de socorro ecoam na madrugada. 
Mais um corpo tomba na calçada. 
Grades de ferro lhes predem em suas casas. 
Sirenes fazendo zoada, 
Nesta trilha sonora inacabada.

Mas o que dói é a espera... 

Mas ainda não foi desta vez 
E o tambor da vida gira na rua
A roleta russa continua 
Esperando outro freguês. 

Mais um sinal em mais outra esquina 
E a esmola dessa vez é pra menina. 
Seus olhos me acalmam 
Enquanto outros me oferecem cocaína. 
Fecho o vidro de forma repentina 
Como quem já conhece esta rotina. 

Fugindo eu sigo por essa estrada. 
Olho pra trás e não vejo nada. 
A palavra de ordem é a desordem e o futuro é incerto 
E a grande mentira é ser honesto.

Quero ficar sozinho sem pensar no resto. 
O vício da guerra está em meus versos. 
De uma vida contaminada, é o reflexo 
Da sociedade perdida e sem nexo 
Que se revela em parte anexa 
A uma outra apagada, é complexa! 
Prefiro fugir a fingir que não posso fazer nada 
E perder essa batalha batendo em retirada.


Nilo dos Anjos

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