PÁGINAS

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Vida Seca


Calam-se as vozes 
Rompem-se as vestes 
Deixam-lhe as preces 
Como último conforto. 
Acha-te deitado 
inchado, rígido, inerte 
e uma flor silvestre 
em traço rupestre 
na lápide que tu vestes 
enfeita agora seu corpo. 
Devolves ao agreste 
terra castigada do nordeste 
essa carne podre que está prestes 
a transformar-se em adubo. 
Inútil alimento para esta terra sedenta 
inútil fragmento de uma vida lazarenta 
onde as chagas purulentas corroídas pelas 
pestes desta vida, tosca vida! vida pobre... 
da ignorância se alimenta. 
Mas que não nega sacrifícios 
tem a esperança como abrigo 
faz da fé o seu escudo 
que aceita o castigo 
enfrenta a fome, enfrenta a seca, 
enfrenta a morte 
sempre acerca 
feche agora o teu jazigo.



Nilo dos Anjos

2 comentários:

Marielza disse...

Uma das minhas favoritas!

Desordem disse...

Eu sei ;)